Por DJALBA LIMA
O segredo das nações prósperas passa por quatro palavras: produtividade, empreendedorismo, instituições e educação. Veja por que essas quatro palavras-chave fazem a diferença no futuro de gerações que buscam superar o atraso.
1. Produtividade
A primeira envolve a questão da produtividade. Vou resgatar uma ideia dos anos 1990, quando Michael Porter criou o conceito dos clusters. Um cluster, no mundo da indústria, é uma concentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, tornam-se mais eficientes.
Este conceito foi popularizado por Porter em seu livro Competitive Advantages of Nations (A vantagem competitiva das nações, ed. Campus). Para o autor, clusters são plataformas agregadoras de conhecimento e competências, constituídas por parcerias e redes que integram empresas, associações empresariais, entidades públicas e instituições de suporte relevantes. O objetivo é atingir níveis superiores de capacidade competitiva por meio da cooperação e da obtenção de economias de aglomeração.
No mundo, existem diversos clusters industriais ligados a setores como automóveis, tecnologias da informação, turismo, indústria audiovisual, transporte, logística, agricultura ou pesca, entre outros. Exemplos de clusters são Silicon Valley, na Califórnia (Estados Unidos), onde se concentram um grande número de empresas de tecnologia (microelectrónica, tecnologias da informação e biotecnologia), e o Kista na Suécia.
2. Empreendedorismo
A segunda abrange o incentivo ao empreendedorismo, que desempenha um papel fundamental na alavancagem da vantagem competitiva das nações, contribuindo para o crescimento econômico, a geração de empregos, a inovação e o desenvolvimento de setores estratégicos. Países como os Estados Unidos, Alemanha e outros têm demonstrado um sucesso significativo nesse aspecto, principalmente devido à oferta de crédito mais barato para pequenos negócios.
A disponibilidade de crédito acessível para empreendedores permite que eles iniciem e expandam seus negócios de maneira mais fácil. Isso impulsiona a criação de novas empresas e a formação de uma sólida base empresarial, que é essencial para a economia de um país. Lá, não há título do Tesouro com oferta de remuneração altíssima, como acontece no Brasil. Por que empreender quando, no Brasil, há títulos que rendem muito mais do que qualquer negócio? Com um detalhe: sem risco e sem burocracia, com isenção do “custo Brasil”.
Além disso, esses países têm adotado políticas que valorizam e encorajam o empreendedorismo, especialmente entre os jovens. Eles perceberam que o empreendedorismo é uma fonte essencial de inovação, crescimento econômico e criação de empregos e, portanto, direcionam esforços para estimular essa mentalidade empreendedora. Os jovens são incentivados a buscar oportunidades de empreendedorismo, receber treinamento adequado, buscar acesso a recursos e redes de apoio, e são expostos a histórias de sucesso de empreendedores.
3. Instituições
Instituições? Isso mesmo. Dois professores – Daron Acemoglu, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e James A. Robinson, da Universidade de Chicago – associam o fracasso de uma nação à instabilidade política e à ausência de instituições sólidas.
Segundo eles, o sucesso de um país depende essencialmente de instituições políticas e econômicas inclusivas, ao contrário de instituições econômicas e políticas “extrativistas”, que retiram da sociedade o máximo que podem, em benefício da elite governante.
Mesmo que aconteça, o crescimento sob instituições extrativistas não será sustentado. Os dois especialistas apontam uma razão crucial para isso: para ser sustentado, o crescimento econômico requer inovação.
A inovação, conforme os pesquisadores, não pode ser dissociada da “destruição criativa”, que, ao substituir o velho pelo novo no âmbito econômico, desestabiliza as relações de poder na esfera política.
A reação dos donos do poder não apenas sufoca a inovação, como impede a inclusão política e econômica.
As constatações dos dois pesquisadores, com base em ampla pesquisa sobre as origens do poder, da prosperidade e da pobreza, estão no livro Por que as nações fracassam, da editora Intrínseca (2022).
4. Educação
Esta historinha comprova a importância da última palavra – mas certamente a mais importante. Na década de 1960, a Coreia do Sul era tão pobre quanto Gana. O que fez a Coreia do Sul dar um salto à frente, tendo hoje o 26º PIB per capita do mundo, enquanto Gana está com o 150º PIB per capita?
Um relatório do Banco Mundial afirma que, quando os países e seus líderes fazem da “aprendizagem para todos” uma prioridade nacional, os padrões da educação podem melhorar drasticamente. Foi o que aconteceu com a Coreia do Sul, que saiu de uma das taxas mais baixas de alfabetização, na década de 1950, para a matrícula universal, em 1995, na educação de alta qualidade no ensino médio. Segundo o Banco Mundial, seus jovens demonstraram um desempenho dos mais altos níveis em avaliações internacionais da aprendizagem.
Ainda de acordo com o Banco Mundial, milhões de jovens estudantes de países de renda baixa e média enfrentam a perspectiva de oportunidade perdida e salários mais baixos, mais tarde na vida, porque suas escolas de ensino fundamental e médio não os estão educando para serem bem-sucedidos na vida.
Ao alertar para uma “crise de aprendizagem” na educação global, o relatório afirma que a escolarização sem aprendizagem não foi apenas uma oportunidade de desenvolvimento perdida, mas também uma grande injustiça para crianças e jovens do mundo inteiro.
DJALBA LIMA
Editor de Pro Today
Jornalista e MBA em Marketing
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Respostas de 2
Gostei da abordagem de Djalba Lima, como sempre inteligente e atual. Pena que nosso país tem remado pra trás, e privilegia a burrice, o atraso e a corrupção. Meu aplauso ao Jornalista.
Obrigado!