Juros altos e falta de apoio, a sentença de morte dos pequenos negócios

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Por DJALBA LIMA

Os pequenos negócios são os grandes geradores de emprego no Brasil. Foto: Sebrae-SP

Com a Selic a 13,75%, em meio a uma inflação de 12 meses de 4,18% e uma inadimplência elevada, as taxas de juros explodiram no Brasil. O crédito ficou difícil até para as startups – embriões de negócios inovadores. Uma pesquisa da ACE Venture Capital, especializada em dar suporte a investimentos nesse tipo de negócio, mostra que 44,6% das startups foram montadas com financiamento próprio dos sócios (bootstrap). De acordo com o Sebrae, mais da metade das pequenas empresas compromete hoje mais de 30% de seu custo mensal com o pagamento de dívidas.

Quando não há fundo público nem privado para sustentar uma economia, caberá ao empreendedor repensar o futuro. O fato é preocupante diante da constatação de que as micro e pequenas empresas, segundo levantamento do Sebrae com dados do Caged, criaram 85,5% das vagas de trabalho em fevereiro de 2023 – fato que se repete, com pequenas variações, ao longo do ano.

O impacto do empreendedorismo

No livro Por que as nações fracassam, Daron Acemoglu e James Robinson, respectivamente professores de Economia do MIT e de Administração Pública de Harvard, citam um caso emblemático de como o estímulo ao empreendedorismo pode mudar a realidade de um local e de um país. Trata-se de Nogales, cidade que foi dividida ao meio na guerra entre Estados Unidos e México (1846-1848).

Uma parte da cidade fica no estado de Arizona (EUA) e a outra, no estado de Sonora, no México. A renda familiar média de Nogales no México corresponde a cerca de um terço da de Nogales, nos Estados Unidos.

As razões para tamanha diferença são várias, apontadas nos estudos dos dois especialistas, mas uma delas é visível: quem mora na Nogales estadunidense tem mais incentivos para empreender, como apoio creditício e menos burocracia.

Um longo caminho

Nem só o apoio financeiro faz vicejar o empreendedorismo. Em estudo do Banco Mundial sobre os melhores países para fazer negócios, o México – onde está Nogales – ocupa a 60ª posição, bem acima do Brasil, na 124ª posição. Os Estados Unidos estão em 6º lugar. Os melhores países para se fazer negócio, no ranking do Banco Mundial, são Nova Zelândia (1º) e Cingapura (2º).

O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para incentivar o empreendedorismo e o crescimento de pequenos negócios, com a simplificação dos processos burocráticos, facilitação de crédito e melhoria da educação para os empreendedores. Além disso, o governo brasileiro deve conectar empreendedores a recursos úteis, como orientação financeira, mentoria e outras formas de ajuda, se quiser, de fato, estimular o empreendedorismo.

Aconselhamento e crescimento

Em um recorte da pesquisa da ACE que leva em consideração apenas as startups com os melhores desempenhos, há uma relação grande entre crescimento e aconselhamento com líderes de mercado.

Isso porque as startups que mais crescem são as cujos fundadores mais fazem mentorias por mês. Já as que têm menor acesso a mentorias têm taxa de crescimento normal.

Ao relacionar o apoio de instituições como Sebrae e outras com a taxa de crescimento, há uma descoberta interessante na pesquisa da ACE: a maioria (70%) das startups que tiveram auxílio também reportou desempenho acima dos 50% de crescimento nos últimos seis meses.

Ou seja, apoio financeiro, orientação adequada e mentoria fazem toda a diferença no estímulo ao empreendedorismo. O resto é conversa vazia.

Djalba Lima
Editor de Pro Today
Jornalista e MBA em Marketing
E-mail: contato@protoday.com.br
WhatsApp: (61) 99937-9799

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