Com uma fantasia de petista, o sujeito cita uma suposta articulação de “segmentos satanistas” em defesa da candidatura do Lula, pelo PT. O personagem criado em algum departamento do “gabinete do ódio” vaticina que os apoiadores de Bolsonaro estão arruinados e que vão “comer o pão que o satanás amassou”.
Trata-se de mais um vídeo de manipulação, bem ao estilo do que Noam Chomski denunciou: estimula o público na ignorância e na mediocridade. Uma simbiose perfeita do conteúdo das mensagens com os pensamentos que veem fantasmas demoníacos por todos os lados, menos os verdadeiros. A narrativa não precisa basear-se em fatos; basta que combine com pensamentos saídos das trevas a que sociedade brasileira parece ter retroagido.
Pessoas atormentados pelo “demônio” estão disseminando o vídeo com a observação hilária: “olha o tipo do eleitor do ladrão”. Seguem bem a cartilha do “gabinete do ódio”, que precisa assustar os incautos a fim de gerar votos para o candidato à reeleição que, além da estratégia da disseminação do medo e do ódio, não tem muito a oferecer.
O enredo do embuste é antigo
Brasileiros que acompanham a história do país sabem bem que governantes não hesitam quando precisam manipular o crédulo cidadão. Em 1937, por exemplo, os militares, com a intenção de instaurar a ditadura do Estado Novo, criaram o famoso Plano Cohen. Foi uma das maiores falsificações da história brasileira e um exemplo do que o anticomunismo, tão ardorosamente defendido por Bolsonaro, é capaz de fazer.
Fraudulentamente, atribuiu-se à Internacional Comunista um plano que, pretensamente, buscaria derrubar o governo por meio de greves, do incêndio de prédios públicos e de manifestações populares que terminariam em saques, depredações e no assassinato de autoridades. Como parte da farsa, ele foi “descoberto” pelas Forças Armadas, permitindo rotular como “comunistas” os que se opunham ao governo. Enfim, foi utilizado para legitimar o golpe de Estado que implantou o Estado Novo.
A história se repete como farsa
Quatro décadas depois, a história se repete como farsa. Um ataque terrorista praticado por setores do Exército Brasileiro e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, na noite de 30 de abril de 1981, com objetivo de incriminar grupos que se opunham à ditadura militar no Brasil, causou o que se pode chamar de “acidente de trabalho”.
Uma das bombas explodiu longe de seu alvo e outra detonou prematuramente, danificando os explosivos restantes e vitimando dois dos terroristas, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu instantaneamente, e o capitão Wilson Dias Machado, que ficou gravemente ferido.
O plano frustrado previa uma série de explosões no Centro de Convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro, quando ali se encontravam 20 mil pessoas durante um espetáculo de MPB em comemoração do Dia do Trabalhador.
Um “aperitivo” do que está por vir
O sujeito fantasiado de petista com chamamentos satanistas é, obviamente, apenas um “aperitivo” das estratégias de manipulação que estão em gestação e que serão usadas até o dia 30, quando acontece o segundo turno das eleições presidenciais.
Se você não tem compromisso com as mentiras, procure identificá-las e rejeitá-las.
Uma resposta
Tantos anos depois da redemocratização, o Brasil enfrentar a armação de tantos vídeos destinados a manipular os incautos é um retrocesso inaceitável num país que já podia se dizer civilizado. Nada explica tanta ignorância. Se não enfrentarmos as monstruosidades arquitetadas neste momento, nunca mais sairemos desse atoleiro.